Um avivar das raizes

Um avivar das raizes

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Necropole do Cerro do Castelo-São Bartolomeu de Messines







A zona da actual Freguesia de Messines parece ter sido escolhida desde os primórdios da humanidade para fixação de comunidades.Por toda a sua área tem sido descobertos testemunhos do homem pré-histórico. Mas foi principalmente no Século XIX que essas descobertas vieram à luz do dia pela mão do historiador Estácio da Veiga.
São conhecidos vestígios do Paleolítico e do Neolítico, estações típicas da Idade do Cobre, minas, menires, ferramentas, armas, sepulturas, lajes epigrafadas.
A Necropole do Cerro do Castelo conserva quatro sepulturas abertas no maciço pedregoso de Grés vermelho de Silves, dispersas por tres afloramentos que emergem na vertente sudoeste da elevação denominada como Castelo.
As câmaras funerárias medem cerca de 1.80m de largura por 0,40m de largura e 0,40m de profundidade.
Nestas câmaras existe uma moldura rebaixada para receber uma tampa monolítica.
A sociedade que construi esta necrópole assentava a sua economia numa associação agro-pastoril, encontrando na área envolvente cursos de água corrente e terrenos férteis.

Estes dois sepulcros foram abertos no mesmo bloco de arenito , o que sugere serem da mesma família


Um agradecimento especial ao Sr. Joaquim pela sua disponibilidade em mostrar o local

domingo, 13 de fevereiro de 2011

São Pedro das Águias-Tabuaço



O eremitério de S. Pedro das Águias situa-se no fundo de um vale sobre o rio Távora.A igreja tem a porta principal voltada para uma escarpa abrupta, de que se erguem, no cume, rochas muito altas: duas parecem gémeas, ladeando uma porta no céu, e outra atira-se para cima como um dedo indicador ou gigantesco falo. Nesta posição, para entrar na igreja é preciso fazer fila indiana. Associada a um lugar habitado por grandiosas pedras, e por esta estranha igreja, cuja ornamentação zoomórfica aponta para um sagrado pré-cristão, a decapitação de Ardinga, ou Ardínia, faz-nos pensar no que a respeito de lugares como este que certos monumentos, apontam para espaços de execução nas antigas povoações lusitânicas. Duas penas capitais eram a decapitação e a precipitação. Precipícios é o que não falta neste lugar que se remira no abismo. É bem provável então que a igreja de S. Pedro das Águias, sob o manto cristão, revele factos históricos anteriores, a ela subjacentes.

Entrada principal

A igreja é românica, de decoração algo bizarra, não tanto pela riqueza de figuras animais como pela presença constante e insinuante do elemento serpentino - ofita. Entre as figurações mais ou menos naturalísticas, mais ou menos estilizadas, encontrámos a serpente Ouroboros.


Uma cabeça de cobra remata um dos elementos serpentinos

Porta lateral

Interior da igreja

Quase tão velha como a própria igreja, a lenda que envolve S. Pedro das Águias transporta-nos aos remotos e obscuros tempos da Reconquista. Dois cavaleiros de Entre-Douro-e-Minho, entre atribuladas incursões na luta contra os mouros, vêm instalar-se nas margens do Távora onde construíram a sua habitação. À presença de D. Tedo e D. Rosendo na região - assim se chamavam os dois nobres - não foram indiferentes os olhos da população local. A tal ponto os seus feitos eram famosos, mesmo entre os sarracenos, que as próprias filhas do emir de Lamego, encantadas com a coragem e valentia dos cavaleiros, fugiram de entre os seus partindo ao seu encontro, trajando como disfarce fatos masculinos.
Conta a lenda que Ardinga, uma das princesas, se terá apaixonado por D. Tedo e, procurando abrigo entre os religiosos do Mosteiro de S. Pedro das Águias, aí se converte ao cristianismo para assim o poder desposar. Aí é surpreendida por seu pai que, ao ver que esta o traíra e renegara a sua fé, ali mesmo a matou "com as suas próprias mãos".
Abalado pelo amor que a jovem princesa moura lhe dedicara e pelo triste fim que por tal motivo merecera, D. Tedo terá feito voto de celibato, entregando-se à luta contra os infiéis. O cavaleiro cristão morrerá em combate em terras de Tabuaço, nas margens do rio que, por tal motivo, viria a ter o seu nome.


Cronologia
991, cerca de - construção da Igreja pelos cavaleiros D. Tedon e D. Rausendo e, por alguns eremitas fugidos aos mouros; 1117, 17 Julho - escritura passada por D. João e D. Pedro, conferindo aos monges as terras do couto, o que lhes deu o título de fundadores; 1145, 14 de Junho - abade D. Mendo, reforma a comunidade trocando o hábito negro de São Bento, pelo hábito branco de São Bernardo; 1170 - a igreja consta como pertencendo à Ordem de Cister; séc. 12, 2ª metade - os monges mudam-se para o convento de São Pedro das Águias, na freguesia de Távora; 1832 - com a extinção das ordens religiosas, o edifício foi abandonado, caindo em ruínas; 1953 / 1954 - restauro total do edifício .

Fontes:

Sant'Anna DIONÍSIO, Eremitério de S. Pedro das Águias. "Guia de Portugal", vol. V (Trás-os-Montes e Alto Douro), 2ª edição. Fundação Calouste Gulbenkian, 1988, p. 775-779.
Manuel Luís REAL, A construção cisterciense em Portugal durante a Idade Média. "Arte de Cister em Portugal e Galiza". Fundação Calouste Gulbenkian e Fondación Pedro Barrié de la Maza, 1998, p.42-96.
Ricardo TEIXEIRA, Arqueologia dos espaços cistercienses no Vale do Douro. "Cister no Vale do Douro". Porto: Edição Afrontamento, 1999, p.199-205.
José Ignacio de la TORRE RODRIGUEZ, Evolução histórica de Cister no Vale do Douro. "Cister no Vale do Douro". Porto: Edição Afrontamento, 1999, p.112-116.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Coriscada - Povoamento neolítico e aldeia rural romana




Uma campanha arqueológica no Vale do Mouro, Coriscada, revelou um povoamento neolítico com sete mil anos e permitiu descobrir uma aldeia romana que os arqueólogos acreditam ser uma "revolução" no estudo do país rural da época.
Quando se pensava que o local, no concelho de Mêda, teria tido apenas duas ocupações - nos séculos III e IV depois de Cristo (d.C.) -, as escavações de 2008 revelaram novos achados do período Neolítico, com a presença de materiais em sílica e lascas de quartzo.




"Nos inícios do século I d.C., terá sido ali edificada uma 'vila' [quinta] e já no século III d.C., um senhor abastado, à custa do rendimento agrícola gerado com vinho, cereais e azeite e também da exploração mineira do ferro, estanho, prata ou chumbo, terá reconvertido a vila chamando técnicos para o revestimento de salas de mosaico, edificar balneários, lagares e ferrarias", explicou o arqueólogo Sá Coixão à agência Lusa.




No último dia de campanha de 2007, fez eco na imprensa nacional e estrangeira uma descoberta 'endinheirada' de um tesouro monetário com cerca de 6.000 moedas, provavelmente envoltas num saco, tendo sido encontrado um resto de tecido que surpreendeu os arqueólogos pela sua sobrevivência.






Fonte de texto
http://vilafrancadasnaves.blogspot.com