Um avivar das raizes

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Estação Arqueológica do Freixo - Tongobriga


No ano de 1882, na borda de um poço em plena aldeia do Freixo, foi descoberto um bloco de granítico de formato paralelepipédico, onde se podia ler: [G]ENIO / [T]ONCOBR / [I]CENSIV[M] / [FL]AVIUS / V(otum). S(olvit).A(nimo).L(ibens).M(erito).
Após interpretações de diversos autores o nome Tongobriga foi então escolhido e identificado com o actual lugar de Freixo e as escavações tiveram inicio em Agosto de 1980, no lugar conhecido por capela dos mouros, designação dada pela população à pequena parte então visível das ruínas romanas.
A estrutura castrejo-romana criada em Tongobriga,cresceu quer no aspecto politico como no aspecto administrativo e económico, resultando daí a instalação de uma cidade. As escavações permitem dizer que no final do séc. I, início do séc. II, Tongobriga surge como civitas.
A estação arqueológica do Freixo é desde 1986 Monumento Nacional, e a sua área cobre aproximadamente 50 hectares.

A estação arqueologia é composta de:
Fórum
Termas
Área habitacional
Necrópole
Basílica paleocristã



Fórum


Em Tongobriga, o fórum salientava-se pelas suas dimensões (9.521m2), englobando os espaços comerciais e religiosos. A sua construção iniciou-se no alvor do séc.II d.C., no tempo do imperador Trajano.


Termas


No final do século I, o balneário conhecido como Pedra Formosa, que possuia a arquitectura própria dos existentes nos povoados castrejos, é desactivado. A seu lado, erguem-se as primeiras termas romanas, construídas de acordo com um projecto clássico, semelhante aos de Pompeia ou Conimbriga. Estas possuíam apodyterium e uma sucessão de salas que levavam as pessoas a passar por ambientes cada vez mais quentes: primeiro o frigidarium, com uma pequena piscina para banhos de água fria, depois o tepidarium, para adaptação ao ambiente quente e húmido do caldarium.


Área habitacional



Em Tongobriga, a área habitacional ate agora descoberta é ainda reduzida, embora seja vasta a identificada através de fotografia aérea e prospecção.
Escavou-se já um bairro, com as suas ruas e casas. Todas estas apresentam vários compartimentos de pequenas e médias dimensões.
Realce para o cuidado que foi posto pelos construtores nos sistemas de drenagem das águas pluviais, quer nas mais antigas do Séc. I, quer nas do Séc. II, estas já edificadas segundo um plano onde predomina a ortogonalidade.
Nesta cidade viveriam 2.500 a 3.000 habitantes.

Necropole



As sepulturas escavadas em Tongobriga mostram a predominância do rito de incineração: as cinzas eram depositadas numa urna, normalmente um simples pote cerâmico; juntavam-lhe algumas peças habitualmente usadas no dia-a-dia - pratos, jarras, adornos pessoais e algumas moedas.
Nesta necrópole, os romanos abriram valas no afloramento granítico, com cerca de 1,5 m de comprimento, 0,5 m de largura e 0,6 m de profundidade, onde depositavam as cinzas do corpo, as peças cerâmicas e moedas, após o que cobriam a sepultura com lajes de granito e terra.

Basílica paleocristã



No séc.V, Tongobriga está documentada como paróquia Sueva, após o que se perde no tempo. Hoje, é uma pequena aldeia, estrutura residual organizada em volta da Igreja Paroquial que poderá estar sobre a primitiva igreja cristã.
Escavações arqueológicas realizadas no adro e na igreja paroquial de Santa Maria de Freixo permitiram confirmar que a basílica paleocristã, correspondente à ocupação do sítio nos séculos V e VI, se localizava no espaço hoje ocupado pela igreja e respectivo adro. O edifício da primitiva basílica excedia, quer em largura, quer em comprimento, o espaço ocupado pelo templo actual, e possuía um belíssimo pavimento revestido a mosaico policromo, único no seu género e na sua cronologia.
O seu pavimento, que tinha por base o afloramento granítico previamente nivelado e regularizado, era revestido por um mosaico composto por tesselas de seis cores distintas (branco, cinzento, amarelo, laranja, vermelho e verde claro).
A riqueza do pavimento, bem como as consideráveis dimensões da basílica paleocristã, não se compadece com a ideia de declínio associado à generalidade das cidades romanas em tempos post-imperiais, e representa um considerável investimento económico, certamente associado a uma pujante vida cultural e religiosa dentro do espaço onde florescera, desde os finais do século I, a cidade romana.


Fonte: http://www.tongobriga.net/index.html